O que é Sarcopenia? Entenda como identificar e saiba como previnir
Saiba como a alimentação e os exercícios físicos atuam como fatores modificáveis importantes na massa muscular e óssea.
Texto por: Caroll Martins
A sarcopenia é definida pelo European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) pela perda da força e massa muscular. A perda muscular ocorre sistemicamente em pessoas com idade avançada, mas também em situações de resposta fisiológica ao jejum ou desnutrição, em muitas doenças, incluindo distúrbio pulmonar obstrutivo crônico, caquexia associada ao câncer, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, síndrome de Cushing, sepse, queimaduras e trauma. Após os 50 anos de idade, a massa muscular diminui a uma taxa de 1% a 2% ao ano em adultos saudáveis, enquanto a força muscular diminui a uma taxa de 1,5% ao ano. A sarcopenia é um grande problema de saúde pública porque afeta 20% das pessoas com mais de 70 anos e 50% das pessoas com mais de 80 anos. Atualmente, 6% a 19% da população mundial com mais de 60 anos sofre de sarcopenia.
A rápida perda de massa e força muscular resulta principalmente da quebra excessiva de proteínas, que geralmente é acompanhada por síntese proteica reduzida. Essa perda da função muscular caracterizada pela perda degenerativa da massa, qualidade e força muscular esquelética pode levar à redução da qualidade de vida, aumento da morbidade e mortalidade. A alimentação e os exercícios físicos atuam como fatores modificáveis importantes na massa muscular e óssea. Sendo uma das causas a ingestão alimentar inadequada de energia e/ou proteína, má absorção, distúrbios gastrointestinais ou uso de medicamentos que causam anorexia, a suplementação pode contribuir fortemente para a redução ou prevenção desse quadro.
Proteínas
A degradação proteica que excede a síntese proteica resulta em um balanço negativo de nitrogênio e desencadeia sarcopenia. A ingestão de proteínas ou aminoácidos na dieta é o principal estímulo fisiológico para a síntese proteica muscular, construindo massa muscular e reduzindo a perda muscular. Os principais suplementos alimentares proteicos são:
Whey Protein
Na suplementação das proteínas o whey protein é o mais utilizado e amplamente estudado. É a proteína do soro do leite obtida através do processo de filtração. Ele possui aproximadamente 11% a mais de leucina em comparação com outras fontes de proteína. Uma dose fornece uma grande quantidade de proteína de forma prática e é considerada uma proteina de alto valor biológico com grande potencial para construir massa muscular e atenuar os efeitos da sarcopenia.
Proteína Vegetal Isolada
As proteínas vegetais geralmente obtidas do arroz ou da ervilha além de fornecer uma dose alta de proteína também têm mostrado efeito positivo no desempenho físico. Os estudos sugerem que isso poderia estar relacionado a outros componentes dos alimentos vegetais que afetam a massa e a força muscular, como os antioxidantes.
Leucina
Leucina é um aminoácido com grande participação na síntese proteica. Vários estudos mostram a leucina como o principal aminoácido para construção muscular. Uma recente revisão sistemática de 2023 relacionou a suplementação de 3g de leucina durante 8 semanas à hipertrofia muscular da coxa em idosos. A recomendação de leucina é de 2,5-2,8g por refeição considerando que parte pode ser obtida através da alimentação ou de suplementos como whey protein.
HMB
O ácido β-hidroxi-β-metilbutírico (HMB) é um metabólito da leucina. A Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva (ISSN) acredita que o HMB possa reduzir o dano ao músculo esquelético induzido pelo exercício. Alguns estudos mostram que a suplementação com 3 g de HMB é mais benéfica para melhorar a força e a composição corporal em pessoas com mais de 65 anos de idade, especialmente quando estão em repouso na cama e sem treino. No entanto, mais estudos são necessários relacionando HMB e sarcopenia.
Vitamina D
A Vitamina D desempenha um papel fundamental na regulação de processos biológicos centrais para a atrofia muscular sarcopenica como proteólise, função mitocondrial, senescência celular e adiposidade. Acredita-se que níveis mais baixos de 25-(OH)-VD estejam associados a alterações adversas na massa muscular e na função física . A deficiência de vitamina D parece levar ao aumento da degradação da proteína muscular entre outros processos, inclusive aqueles que estão com excesso de peso têm um risco aumentado de déficits na massa e função muscular.
ÔMEGA 3
Os ácidos graxos ômega-3 são ácidos graxos poliinsaturados com muitos benefícios à saúde. Os principais ácidos graxos são EPA (ácido eicosapentaenóico), DHA (ácido docosahexaenóico) e ALA (ácido alfa-linolênico). A relação do ômega 3 e massa muscular vem sendo recentemente estudada. A atrofia do músculo esquelético envolve uma fase inflamatória que leva à morte celular e remodelação tecidual e ativa o estresse do retículo endoplasmático e a autofagia. Tanto o EPA quanto o DHA atenuam potencialmente nesses processos. Além disso, há estudos que mostram que o DHA promove a biogênese mitocondrial e a remodelação das fibras musculares esqueléticas e retarda a perda muscular, estimulando o estresse oxidativo intermediário e inibindo a degradação das proteínas musculares.
CREATINA
A creatina é um composto natural de aminoácidos não proteicos com importante função energética e anticatabólica. O efeito benéfico da creatina aumenta o reservatório e a capacidade de energia anaeróbica, diminuindo o catabolismo proteico, aumentando a massa muscular e o desempenho físico. Isso significa uma melhor resposta adaptativa muscular ao treino, aumento da capacidade de exercício em altas intensidades e melhor a recuperação e adaptação pós-exercício. Por esse motivo, a suplementação de creatina tem sido um dos suportes nutricionais ergogênicos mais estudados e úteis tanto para atletas quanto na aplicação clínica e terapêutica em doenças humanas.
Em relação à segurança da suplementação de creatina, vários estudos que avaliaram a hipotética toxicidade da suplementação de creatina (na dose recomendada) em humanos não encontraram evidências de efeitos colaterais para os rins e fígado.
Em pacientes idosos, uma recente revisão sistemática e meta-análise concluíram que a creatina é um suplemento seguro associado ao treinamento de resistência para aumentar a massa muscular. Além disso, alguns estudos mostram que mesmo em idosos que não realizam treinamento físico, a suplementação de creatina pode melhorar a qualidade de vida, retardando a atrofia muscular e melhorando a resistência e a força, permitindo preservar o desempenho muscular para as tarefas diárias.
Outros suplementos
Outros suplementos como Vitamina C, Vitamina E pela ação antioxidante; Probióticos, prebióticos, simbióticos pela associação da microbiota intestinal com a absorção dos nutrientes e processos inflamatórios; Magnésio, selênio, cálcio e outros minerais pela associação da baixa ingesta desses minerais com pacientes sarcopênicos e polifenois como resveratrol pela possível redução da dor muscular e maior recuperação da função muscular após o exercício podem ter algum benefício com relação a sarcopenia, mas mais estudos são necessários.
O certo é que a suplementação já contribui para a longevidade e qualidade de vida e que a ciência está empenhada em cada vez mais trazer possibilidades nutricionais para proporcionar a redução de danos causados pelo envelhecimento.
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